Quando falamos em “distopia”, o que nos vem à cabeça são cenários extremos: governos totalitários, tecnologia opressiva, guerras civis, vigilância em tempo real. Pensamos em 1984, Admirável Mundo Novo, Black Mirror. Mas e se estivermos vivendo algo diferente — mais brando, mais disfarçado, mais palatável?
Uma distopia suave.
A distopia que se veste de liberdade
Nos acostumamos com o conforto de algoritmos que escolhem o que vemos, ouvimos e desejamos. Com o excesso de conveniência que nos impede de fazer escolhas ativamente. Com a constante vigilância sob o pretexto da segurança e da personalização. A moeda de troca? Nossa atenção, nossos dados, nosso tempo.
Ninguém mais precisa de campos de reeducação quando você mesmo aperta o botão para ser vigiado.
O silêncio da obediência
Há algo perturbador na forma como seguimos adiante, mesmo quando tudo parece deslocado. Sentimos que algo está errado — mas seguimos. Produzimos. Consumimos. Compartilhamos. E, no fundo, sabemos: existe um desconforto abafado, uma angústia crônica que nem o feed mais polido consegue esconder.

A distopia não precisa de armas. Ela se infiltra pela tela.
Vivemos numa época em que a alienação não precisa de imposição — ela é vendida como entretenimento.
A distopia como pano de fundo de Código L.
Foi a partir dessa inquietação que escrevi Código L.. A história não se passa em um futuro distante, tampouco em uma realidade impossível. Tudo ali é apenas um passo à frente daquilo que já vivemos. A protagonista, L., nasceu em um mundo onde uma IA da ONU substituiu governos, religiões e ideologias, criando uma paz artificial em troca da liberdade real.
Mas o que acontece quando alguém começa a perceber as rachaduras? Quando o silêncio se torna insuportável? Quando até o amor parece programado?
Código L. não é sobre o futuro. É sobre agora. Sobre o que escolhemos ignorar para continuar funcionando.
Uma pergunta desconfortável

Estamos todos conectados — e também presos.
Você se sente livre?
Essa pergunta, que parece simples, carrega um peso enorme. Porque liberdade, no mundo contemporâneo, é frequentemente confundida com escolha de marca, plano de celular ou a playlist do dia.
Mas liberdade de verdade — a de pensar, questionar, romper — essa está cada vez mais rara. E talvez seja por isso que tantos livros distópicos ainda nos toquem tão profundamente. Porque, no fundo, já estamos vivendo dentro deles.

O progresso não apaga o vazio existencial. A perfeição é uma prisão disfarçada.
Salve esse post, compartilhe com alguém que precisa pensar sobre isso — e, se quiser se aprofundar na experiência, conheça Código L., disponível no site da Editora Reboot.